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Depoimento Felipe Freitas

    Em 2008, quando já estava destruído, um amigo que trabalhava comigo me convidou para ir conhecer o xamanismo, ai eu disse: “vamos, né, nada pode ficar pior que já está mesmo”.

    Chegado o dia, meu amigo passou na minha casa e seguimos para a Fazenda. Chegando lá, já senti que o lugar era diferente, e meu amigo me contou que era aniversário do Xamã. Estava tocando o Hino 10 – Procedências e Cuidados, pensei “nossa, que música diferente, forte e cheia de conteúdo”. 

    Passaram perto de mim dois rapazes que eu nunca tinha visto na vida (Júnior e Leonardo) e veio uma sensação de conhecer eles de algum lugar, na hora não entendi de onde poderia ser. Encontrei também amigos de muitos anos lá, eles me viram lá e me deram um abraço apertado, na hora estranhei pois os conhecia dos “rolês” do mundão. 

    O sino tocou entramos na igrejinha bem simples de pau a pique.

    Após um tempo entrou lá um homem de estatura média, com umas costeletas e cabelo começando a ficar grisalho, pensei quem poderia ser? Foi ai que meu amigo disse que aquele era o Xamã. Na hora para mim foi uma surpresa, pois eu tinha um pensamento errado sobre o que poderia ser um Xamã e estava esperando chegar lá e ver um índio de cocar.

    A palestra teve início e o Xamã deu as instruções de como seria o ritual, e meu ego começou a questionar o que estava sendo passado, até que certo momento o Padrinho deu um sorriso e disse “você está duvidando? Quando iniciar o trabalhinho você vai conhecer o que ainda não conhece”. Naquele momento eu me assustei, pois entendi que era pra mim. Desse momento em diante eu comecei a ouvir a palestra de coração aberto.

    A palestra se encerrou e o Padrinho pediu para que a gente pegasse a cadeira e se reunisse lá do lado de fora ao redor da fogueira que tinha ali no pátio próximo da fonte. Comungamos a Sagrada Ayahuasca e, passado alguns minutos, minha percepção começou a ampliar e uma paz foi tomando conta do meu coração, já não sabia mais se sorria ou se chorava, foi aí que pensei: “o homem realmente tinha razão e isso é algo que eu ainda não conheço”. Foi ai que entendi que ser Xamã não é uma aparência e sim uma posição conquistada. Um bailado maravilhoso acontecendo (eu sentado porque não conseguia levantar pra bailar).

    Nesse dia eu tive certeza que havia estado em um lugar mágico e que havia encontrado meu caminho, pois eu nunca mais fui o mesmo após ter pisado em solo sagrado. Após esse dia eu nunca mais usei nenhuma droga, e me libertei da dor e do sofrimento que estava me matando aos poucos. Fiquei de março até agosto sem ir na Fazenda, não por não querer, mas por que ainda estava digerindo tudo o que tinha visto e sentido nesse dia mágico que foi o meu primeiro trabalho.

    Quando chegou o mês de agosto, vi no calendário que haveria ritual todos os finais de semana. Foi só alegria, pois havia decidido retornar, e dessa vez não somente para conhecer, mas para me entregar de coração, a cada palestra do Padrinho era como pão quentinho para o meu coração.

    Quando chegou o mês de dezembro, Cássio, Marcelo e Bruno me convidaram para fazer um trabalho com eles na mata aqui perto de casa, na hora eu me arrumei e fui. Chegamos lá, comungamos a Ayahuasca e passamos a tarde na mata.

    Passado um pouco da força eles me convidaram para pitar cachimbo com eles, até então eu não me sentia preparado para o cachimbo, mas aceitei o convite, e durante a cachimbada eles me contaram que me chamaram para o trabalho para me dar um presente de aniversário, pois viram que estava firme, indo nos rituais dos finais de semana, na maioria das vezes até de bicicleta e, em algumas ocasiões, andando. Então me contaram o que iriam me dar de presente: a participação no curso de fiscal de 7 dias, que estava marcado naquele mês. Na hora meu coração explodiu de felicidade pelo presentão e pela oportunidade que havia chegado de me conhecer ainda mais.

    Foram 7 dias intensos de grande aprendizado, ministrados pelo Padrinho Gideon dos Lakotas. Ali eu já via o quão especial aquele homem era, pois havia grande sabedoria e conhecimento em suas palavras.

    Chegou 2009 e estava seguindo cada vez mais firme no meu propósito de autoconhecimento, até que começou a aflorar em mim um desejo imenso de poder ajudar na casa que me acolheu e me resgatou. Foi então que, depois de um ritual aberto, eu cheguei para o fiscal Cássio e falei que queria conversar com o Padrinho. Ele entrou no casarão onde o Padrinho estava após o ritual e perguntou se eu poderia conversar com ele. Passou uns minutos, e o Cássio saiu me pedindo que entrasse na sala. Nesta hora já deu uma tremedeira na perna! Entrei e estava o Padrinho assentado em um sofá grande e tinha uma poltrona individual para mim. Assim que entrei o padrinho olhou sorrindo e pediu para que eu me assentasse, e eu bem nervoso já dei uma gaguejada rs, foi aí que ele me disse: “quer falar comigo, filho?” e eu, todo nervoso, disse que queria muito falar. Então ele disse bem sério “queria e não quer mais? Então pode sair”. Essas horas eu já estava a beira de ter um infarto, consegui corrigir e falar que desejava muito poder ajudar na casa, poder somar e contribuir. Ele, todo amoroso, deu um sorrisão e disse que tudo bem, se eu estava sentindo esse desejo no coração eu seria muito bem-vindo. Foi então que eu pedi a ela autorização para fazer um Curso de Padrinhos antes de iniciar como fiscal para que eu me preparasse ainda mais, ele gostou e disse que tudo bem.

    O Curso de Padrinhos foi em julho de 2009. Foi um curso fantástico ministrado pelo Padrinho, onde tivemos meditação todos os dias pela manhã, algum exercício pelo período da tarde e ritual com ayahuasca pelo período da noite, e o Padrinho sempre a frente como um verdadeiro Xamã, passando todo o seu vasto conhecimento, após os 9 dias de intensos rituais e exercícios o curso encerrou

    No final de semana seguinte, iniciou outro Curso de Padrinhos, e foi então que iniciou a minha jornada como fiscal podendo ajudar e somar forças. Foi aí que realmente iniciou meu aprendizado, ao poder participar dos trabalhos fechados, de participar das reuniões onde o Padrinho, sempre com grande sabedoria, nos passava todas as diretrizes de como agir em cada curso ou trabalhos abertos.

    Mais a frente tivemos as batalhas lideradas pelo Xamã, como as caminhadas pela ayahuasca em Brasília, as caminhadas em São Paulo contra a liberação da maconha – Pela Vida. Foram batalhas que somente sendo um espírito da luz para estar a frente.

    Hoje 13 anos após ouvir o chamado do meu coração, olho para trás e vejo a vida que levei até conhecer o Padrinho e as Terras Sagradas e sem dúvidas essa Obra guiada batuta do Padrinho, bom soldado do MESTRE JESUS, que resgatou minha alma, e me transformou como ser humano, e até hoje não conheci ninguém que tivesse o grandioso coração que o Padrinho tem.

    Somente uma palavra consegue descrever tudo o que eu sinto pela honra e oportunidade de poder trilhar esse caminho somando forças, essa palavra é a GRATIDÃO.

    OBRIGADO POR TUDO PADRINHO GIDEON DOS LAKOTAS.