Meu nome é Heloiza, sou professora de Língua Portuguesa, mãe de Jônatas, Josias e Ana Carla. Minha gratidão ao Padrinho Gideon dos Lakotas é imensa, pois ele me ajudou a reconstruir toda a minha história, mesmo sem nunca termos nos encontrado presencialmente.
Em meados de setembro de 2006, numa conversa com Gilberto, um amigo de infância que há tempos não revia, na cidade de Salto Grande, este me contou todo empolgado que tinha participado de um ritual, onde ingeriu um chá indígena chamado “Oasca”, que lhe deu visões do mundo espiritual, mostrando toda sua vida como estava e como poderia melhorar. Eu havia acabado de me desligar da igreja evangélica CCB aonde fui membro por mais de 10 anos, o que indiretamente fez com que meu casamento de 10 anos com um moço dessa igreja também ruísse. Estava procurando algo que fizesse mais sentido em minha vida, por isso fiquei tão envolvida pelo relato do meu amigo Gil e pensei se seria o Universo conspirando a meu favor.
Ao voltar para minha cidade, fui pesquisar a palavra “chá de oasca” na internet, no intuito de encontrar um instituto desses mais próximo de minha residência para também participar, e foi assim que encontrei o site do “Céu Nossa Senhora da Conceição”, onde li pela primeira vez a história do Padrinho Gideon dos Lakotas e a tribo, bem como encontrei a lista dos antigos “Pontos de luz”, e pude ver que havia um instituto na cidade vizinha de Avaré.
Naquela época trabalhava como auxiliar de serviços gerais, meu salário era pouco mais que um salário-mínimo, no entanto ainda pagava uma faculdade particular no período noturno e mantinha meus dois filhos pequenos, só não tinha ainda um carro.
Assim que marcaram o próximo trabalho, no início de outubro de 2006, fui sozinha de ônibus para Avaré e peguei um moto-táxi até o instituto, o que para mim pareceu uma grande aventura, visto que minha vida se resumia em cuidar dos filhos, trabalhar e estudar.
Não conhecia ninguém do Xamanismo na época. Levei apenas um cobertor, pois não tinha colchonete. Antes de dar início, teve a palestra orientadora de como seria o trabalho, tinha banners no altar do Mestre Raimundo Irineu Serra e do Mestre Jesus. Meu primeiro trabalho foi leve, não tive as tais visões que meu amigo falou, mas senti que estava sendo cuidada com muito amor. A partir de então passei a participar regularmente dos trabalhos.
Desde esse dia algo dentro de mim mudou. Quando a dirigente do instituto falava nos ensinamentos do Padrinho Gideon meu coração queria saltar do peito, tudo que eu queria era estar na Fazenda, estar com esse Ser tão iluminado, beber dessa fonte, mas tudo acontece no tempo certo!
Aconteceram muitas mudanças em minha vida. Ainda precisava terminar a faculdade, passar num concurso público estadual, precisei mudar de cidade várias vezes, organizar a minha vida e a vida dos meus filhos, mas sempre sentindo que um dia viria para ficar na Obra.
Vim a conhecer a fazenda no evento de Réveillon 2018, e já fiquei para o curso de quinze dias. Sentia o Padrinho Gideon presente o tempo todo, sou muito grata por isso, porque sinto que ele me trouxe. Continuei frequentando outro instituto, também ligado ao Céu Nossa Senhora da Conceição, em Avaré, e durante os trabalhos sentia e via o padrinho Gideon, sempre me orientando e sempre presente comigo nos trabalhos.
Em julho de 2019 participei de mais um curso de Desenvolvimento da Mediunidade e Sensitividade na Fazenda, e dessa vez senti que chegou a hora de minha mudança. Chorei de emoção, agradeci ao querido Xamã e ao Mestre Jesus, por me concederem essa honra.
Iniciei os preparativos da nossa mudança, comuniquei apenas ao meu filho Josias e aos padrinhos do instituto de Avaré, onde eu e meu filho ajudávamos como fiscais.
Em janeiro de 2020 passamos o Reveillon na Fazenda, como sempre, e meu filho Josias ficou para fazer o curso de 15 dias.
Eu voltei para casa e passei a me ocupar de organizar a nossa mudança. Fiz uma lista e fui resolvendo um item por vez, pitava um cachimbo no final da tarde e sentia o Padrinho sorrindo e aprovando a maneira como eu vinha conduzindo as coisas.
Josias terminou o curso e voltou para casa a tempo de voltar comigo novamente para o Vale do Ribeira, pois minha mudança dependia de pegar aulas na atribuição inicial na Diretoria de Ensino de Registro.
Em minha mente era nítida a imagem do Padrinho e ouvia sua voz o tempo todo me dizendo que estava tudo certo com nossa mudança.
Como sou professora efetiva do Estado de São Paulo, consegui pegar aulas numa escola em Pariquera-Açu na atribuição da quinta-feira dia 29/01/2020, para começar a trabalhar na próxima segunda-feira. Só precisava achar uma casa adequada para morarmos na cidade, acertar o contrato de aluguel, arrumar um caminhão de mudanças e estar em Botucatu na sexta-feira dia 30/01/2020 em horário comercial para exonerar do cargo na Prefeitura, pegar a transferência de escola da minha filha, entregar as chaves da casa em que morava ao corretor, desligar a internet e os técnicos fazerem a retirada dos equipamentos, desparafusar armários e empacotar as coisas para pôr no caminhão.
Parecia simples, mas houve um erro com minha folha de ponto na prefeitura e da maneira como estava não dava para dar baixa e comecei a ficar preocupada, pois precisava resolver tudo naquele mesmo dia, então ouvi novamente o Padrinho me dizendo: está tudo certo, apenas observe o fluxo, tudo se resolverá.
Então as pessoas começaram a se movimentar para me ajudar, um casal de amigos cuidou de empacotar minhas coisas e colocar no caminhão, o pessoal da Prefeitura começou a achar soluções, um departamento se comunicava com o outro e eu só tive que ser a office-girl do leva e traz papéis assinados de um ponto à outro. Falei a eles que o caminhão de mudanças estava me esperando, então todos se movimentaram e uma chefe geral assinou minha nova folha, me beneficiando muito mais financeiramente, pois ao receber meu último pagamento da Prefeitura veio um montante com o qual consegui pagar todas as continhas decorrentes da nossa mudança à vista.
Fechava os olhos e via o Padrinho com aquele sorrisão me dizendo para confiar sempre, que estava tudo certo. Passava um filme na minha cabeça e eu falava mentalmente com o Padrinho: agora que estou indo para a Fazenda não te encontrarei por lá e ele dava um risadão e me respondia: “quem disse que não estarei lá?” Por várias vezes durante os trabalhos questionei o querido Padrinho Gideon, porque desejei tanto estar aqui e agora que estou o senhor fez a passagem, mas ele sempre me faz sentir que está comigo também, e que eu vim no tempo certo, para eu não me entristecer por isso, e assim é, penso no Padrinho com amor e gratidão! Sinto que já o conheço de muito tempo atrás.
Minha mudança foi uma benção, encontrei uma casa muito aconchegante para morar com meus filhos, comecei a trabalhar e foi muito bem recebida em minha nova escola, encontrei vaga numa escola boa e próxima de casa para minha filha Ana Carla. Logo após tudo isso fomos acolhidos pelos irmãos na Fazenda também, em pouco tempo o padrinho Júnior colocou a mim e meu filho Josias como médiuns da casa e passamos a fazer parte oficialmente desta Obra do mestre Jesus, idealizada e materializada pelo nosso amado professor Xamã Gideon dos Lakotas.
Gratidão eterna por nos proporcionar este legado.